
A Síndrome do Excesso de Informação
por Dr. Ryon Braga
A Síndrome do Excesso de Informação ainda não é uma doença. Considerada isoladamente, ela faz parte dos componentes do stress associado ao trabalho. Mesmo assim, ela já começa a apresentar características próprias.
Na medida em que a ansiedade no trato com a informação vai crescendo, o nível de stress vai subindo, com conseqüências mais graves para o nosso organismo. Começa com desordens do humor, com o aumento da irritabilidade e continua com a dificuldade para adormecer, distúrbios da memória até chegar a níveis elevados de stress e desenvolvimento de um comportamento neurótico.
É importante ressaltar que a origem do problema está na incapacidade das pessoas em lidar com o excesso de informação e não, obrigatoriamente, na quantidade de informações.
Profissionais, pressionados por chefes, gurus, consultores e outros mais, vivem tendo a sensação de que não se sentem capazes de assimilar todas as novidades em sua área, nem de lidar com todas as informações que recebem. O sentimento de obsolescência profissional é o que predomina.
Não satisfeitos em curtir sozinhos suas angústias, muitos profissionais acabam passando essa ansiedade para seus filhos. Já estão se tornando comuns depoimentos como o do jovem Ricardo Zalem, de 15 anos, que freqüenta um colégio de ensino médio, estuda inglês e espanhol, pratica voleibol, faz academia e tem aulas semanais de informática e violão. “Eu só queria ter tempo para fazer mais coisas, queria que a semana tivesse 10 dias e que o dia tivesse 36 horas”, diz Ricardo, já candidato aos efeitos da síndrome.
Processos de degeneração precoce da memória, que antes só apareciam em pessoas com mais de 50 anos, agora, passam a ser encontrados em pessoas com idade entre 20 a 40 anos. Especialistas do Grupo de Estudos em Linguagem da USP acreditam que tal fato se deva ao excesso de informações e estímulos que bombardeiam nosso cérebro diariamente.
São informações cada vez mais rápidas, provenientes dos meios de comunicação, do telefone celular e, principalmente, da Internet. O problema acomete principalmente executivos e profissionais workaholics, que precisam estar sempre bem informados.
Um dos principais sinais de início da síndrome é quando você começa a demorar muito para se "desligar" das atividades diárias mesmo quando está fora delas. Exemplo: em casa, no final de semana, na companhia da família ou diante da TV, você não consegue tirar da cabeça o relatório que faltou fazer, o livro que gostaria de ter lido no fim de semana e não leu ou aquele dado do gráfico da companhia que não ficou bem compreendido.