LAÇO AMARELO É SÍMBOLO DO DIA
MUNDIAL DE PREVENÇÃO DO SUICÍDIO, 10 DE SETEMBRO (FOTO: FLICKR)
Na edição
de novembro, a GALILEU fez um dossiê sobre suicídio, explicando por que o número
de jovens que decidem terminar com a própria vida aumentou tanto no Brasil. A
taxa de suicídio de adolescentes com idades entre 10 e 14 anos, aumentou 40% nos
últimos 10 anos e 33% entre aqueles com idades entre 15 e 19 anos, segundo o
Mapa da Violência 2014.
Todo dia, 28 brasileiros se suicidam e, para cada morte,
há entre 10 e 20 tentativas. Médicos alertam que é um problema de saúde que não
recebe tanta atenção por causa do tabu social. Para ajudar a combater essa
epidemia silenciosa, GALILEU conversou com uma série de psiquiatras e
psicólogos sobre o problema e elaborou uma lista de seis alertas sobre o
comportamento suicida.
1 – Frases de
alarme
Existe um mito de que pessoas que falam em
suicídio só o fazem para chamar a atenção e não pretendem, de fato, terminar
com suas vidas. “Isso não é verdade! Falar sobre isso pode ser um pedido de
ajuda”, afirma Mônica Kother Macedo, psicanalista especializada em suicídio e
professora da PUCRS. Adriana Rizzo, engenheira agrônoma e voluntária da ONG
Centro de Valorização da Vida (CVV) há 16 anos, já atendeu milhares de ligações
de pessoas que pensavam em suicídio. Algumas das frases mais comuns ouvidas por
ela foram “não aguento mais”, “eu queria sumir” e “eu quero morrer”, então, se
você ouvir um parente ou amigo falando algo do tipo, preste atenção.
2 – Mudanças
inesperadas
Todo mundo passa por mudanças na vida, faz parte
do pacote, porém, algumas mudanças podem ser traumáticas, quando não estamos
preparados para elas. Uma pessoa fragilizada por uma depressão ou outro
problema psíquico, dificilmente terá condições de encarar uma mudança
inesperada, como perder um emprego que considerava muito importante. “Alguém
tinha um hobby e abandona tudo, era super vaidoso e fica desinteressado. A
mudança de comportamento é o momento em que a gente se aproxima da pessoa para
saber o que está acontecendo, porque, quem sabe dividindo, ela vai entender que é
só uma fase”, diz Macedo.
3 – Depressão e drogas
As estatísticas alertam: para cada suicídio, há entre 10 e 20 tentativas, ou
seja, quem já tentou o suicídio está muito mais vulnerável. “Uma tentativa de
suicídio é o maior preditor de nova tentativa e de suicídio”, diz o psiquiatra
Humberto Correa da Silva Filho, vice-presidente da Comissão de Estudos e
Prevenção de Suicídio.
Segundo
alerta: quase 100% das pessoas que se suicidaram enfrentavam algum problema
mental - a maioria depressão. Quem está sofrendo de depressão ou outro tipo de transtorno,
deve receber maior atenção e, se a pessoa consome álcool ou outras drogas,
a atenção deve ser redobrada. “O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno
de humor associado ao uso de substâncias psicoativas (...). A depressão e o consumo de álcool e drogas são responsáveis pelo maior
numero de mortes no mundo inteiro”, afirma o psiquiatra Jair Segal.
4 – Pode não ser só aborrescência
As taxas de suicídio dos jovens brasileiros aumentaram mais de 30% nos últimos 10 anos, como explica
nosso dossiê da edição de outubro. Muitas vezes o comportamento errático
atribuído como típico do adolescente, pode ser um sinal de intenção de suicídio.
“Existe uma falsa ideia de que a depressão atinge mais pessoas adultas. O
adolescente apresenta outros sintomas. Ele vai se trancar no quarto e não vai
falar com ninguém. Isso vai ser entendido como fenômeno normal da adolescência, já que ele não consegue expressar seu sofrimento de uma forma clara”,
explica Segal.
5 – Preto no branco
Somente 15% dos gravemente deprimidos vão se suicidar, mas a depressão severa
continua sendo a maior causa do suicídio. É preciso ficar atento
quando a pessoa demonstra zero interesse na vida ou nos outros. “Para o
deprimido, o mundo deixa de ser colorido, é preto e branco. Ele tem baixa
autoestima, desinteresse por todos e fica muito voltado para ele mesmo”,
explica o psiquiatra Aloysio Augusto d’Abreu. Quando em depressão severa, a
pessoa se isola dos outros e não vê motivos para continuar viva. É um alerta de
urgência.
6 – Bom demais
para ser verdade
Um caso que marcou o psiquiatra d’Abreu foi o de
um paciente muito deprimido que simulou uma melhora para passar o final de semana
em casa e, lá, usar uma espingarda para se matar. A simulação de melhora é
comum em diversos casos de suicídio, então, se uma pessoa que normalmente é
deprimida parecer subitamente alegre, é importante acompanhá-la para garantir
que ela não tentará o suicídio.
O que você pode
fazer?
Segundo o psiquiatra da Rede Brasileira de
Prevenção do Suicídio Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, o ideal é conversar com
a pessoa e não deixá-la sozinha. Ao conversar, procure não falar muito e ouvir
mais, já que muitas vezes a pessoa só precisa ser ouvida. “Se possível,
acompanhe-a a um profissional de saúde e peça orientação”, diz. Outra medida é
retirar acesso de ferramentas potencialmente destrutivas dentro de casa - como
arma, remédios e substâncias tóxicas - para evitar o uso delas em um impulso.
Aproveite
para ler no meu blog:
Cresce o número de crianças e adolescentes
com depressão
http://check-upemocional.blogspot.com.br/2014/05/alerta-cresce-o-numero-de-criancas-e.html
Sobre o índice de suicídio no Brasil
http://check-upemocional.blogspot.com.br/2012/08/indice-de-suicidio-no-brasil-cresceu.html
Paula Barbosa, psicóloga
(11) 98320- 7791